Cidade de Fortaleza (site Investe NE)
Rio Grande do Norte: O sem-projeto do turismo (Reportagem do Jornal Tribuna do Norte - de Natal)
Não se trata de pessimismo. Nem fracassomania. Na verdade, este colunista se sente desconfortável ao criticar tanto e de forma tão sucessiva a falta de caminhos para o turismo do Rio Grande do Norte. Estou me tornando repetitivo. Tenho consciência disso. Mas é melhor repetir do que se calar diante de tantos comparativos que nos faz refletir que estamos, sim, estagnados.
Ao cobrir a Conferência Internacional de Turismo realizada em Fortaleza na segunda e terça-feira desta semana - e que não teve qualquer representante do RN -, dei uma "geral" no turismo cearense, que tem projetos, projeções e respaldo do poder público, com obras estruturantes e ampla sinergia com o empresariado. Pois o Ceará, em breve, será hegemônico no Nordeste quando o assunto for turismo. Não tenho qualquer dúvida.
O Centro de Eventos, que ficará pronto no primeiro semestre do próximo ano, é coisa de gente grande. Com capacidade para 30 mil pessoas, pode abrigar, ao mesmo tempo, até cinco eventos de grande porte. Será o mais moderno do Brasil e o segundo em área, atrás apenas do Anhembi, em São Paulo. Detalhe: já tem ampla agenda de eventos, um deles para 2020.
No segmento aeroportuário, há dois terminais em construção no Ceará: Aeroporto de Aracati, para impulsionar o turismo do Litoral Leste (vai beneficiar Mossoró, devido à proximidade), e Aeroporto de Jericoacoara, que será a porta de entrada do Litoral Leste do Ceará e até mesmo do Delta do Parnaíba, que fica por perto. Deverão demorar um pouquinho, claro, mas saem. Estão licitados e têm contrapartidas federais.
O Acquario do Ceará, também em construção, será outro exemplo de ousadia e obstinação. Será o maior parque temático do gênero da América Latina. A idéia é que o equipamento contribua para a revitalização da Praia de Iracema, cuja situação - vejam só - não é nada que se compare à orla marítima potiguar. Num "confronto" com Artistas, Meio, Forte e Ponta Negra, a Iracema é um esplendor.
Verbas
O governador do Ceará, Cid Gomes, anunciou na Conferência Internacional que o Estado vai investir R$ 12 bilhões nos próximos quatro anos, dos quais R$ 1,3 bilhão no turismo. Ou seja: o investimento vai acompanhar a fatia do turismo no PIB na economia do Ceará, que está em torno de 11%. Os projetos são amplos, complexos e diversificados, segundo o governador. Vão da inclusão social e programas de qualificação a obras de saneamento, infraestrutura e rodovias.
Bate-papo
Taleb Rifai, secretário geral da OMT
Cite uma diretriz para o turismo mundial:
Não se pode colocar todos os ovos na mesma cesta. Isso vale muito para o turismo. É preciso ser criativo e vislumbrar oportunidades diferenciadas num mesmo segmento.
Qual a real importância do turismo enquanto atividade econômica:
É a própria horizontalidade do turismo, que induz ao avanço de setores como agricultura, pesca e manufaturados.
Qual a imagem do mundo sobre o turismo brasileiro?
O mundo passou a olhar diferente para as Américas, sobretudo para a América do Sul, e para os países da Ásia. O desenvolvimento que o Brasil tem apresentado no âmbito social tem sido acompanhado pelas principais economias do mundo.
E o papel eminentemente social do turismo?
As pessoas que dirigem o turismo precisam estar sempre cientes da importância do setor na inclusão social e na construção de um futuro sustentável. O turismo de um país só ganha importância quando seus cidadãos têm a oportunidade de conhecer e usufruir o que o seu país tem de melhor.
Quem é
Taleb Rifai está no cargo desde janeiro de 2010. De 2003 a 2006 foi diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Na Jordânia, seu país de origem, foi ministro do Turismo, da Informação e de Planejamento e Cooperação Internacional.
Comparativos do turismo mundial
Confira abaixo alguns dados relevantes apresentados na Conferência Internacional de Turismo, realizada nesta semana em Fortaleza. Chama atenção, por exemplo, o volume de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, que é superior ao dobro do investimento total em todos os outros países. Outro destaque é a posição do Brasil (segundo lugar) entre os pólos emissores que mais cresceram em 2010.
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