"Quem assim procedeu não é parlamentar é 'para lamentar'", afirmou Dom Manuel Edmilson da Cruz
Para o bispo de Limoeiro do Norte, a Comenda outorgada não representa o cearense Dom Helder Câmara (J. FREITAS / Agência Senado)
O bispo emérito de Limoeiro do Norte, Dom Manuel Edmilson da Cruz, recusou a Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara, em protesto pela aprovação pelo Congresso Nacional, no último dia 15, de projeto de lei que reajusta os salários dos parlamentares, ministros, vice-presidente e presidente da República. Ele foi um dos cinco contemplados pela homenagem conferida pela primeira vez pelo Senado Federal.
Ao falar durante a sessão para entrega da Comenda, nesta terça-feira, 21, Dom Manuel da Cruz lamentou que o Congresso tenha aprovado reajuste para seus próprios salários, da ordem de 61%, com efeito cascata nos vencimentos de outras autoridades, enquanto os trabalhadores do transporte coletivo de Fortaleza mal conseguiram 6% de aumento em recente luta por elevação salarial. Ele mencionou as aposentadorias reduzidas, o salário mínimo que cresce em "ritmo de lesmas".
Na opinião do religioso, o aumento aprovado pelos parlamentares deveria sempre guardar a mesma proporção que a elevação concedida para o salário mínimo e a aposentadoria. "Quem assim procedeu não é parlamentar é 'para lamentar'", afirmou.
Para o bispo de Limoeiro do Norte, a Comenda outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Câmara. "Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la. Ela é um atentado. Uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, ao contribuinte para o bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho", declarou.
Dom Manuel da Cruz disse que se aceitasse a comenda estaria procedendo contra os direitos humanos e perderia todo o sentido esse momento histórico. "A atitude que acabo de assumir, assumo-a com humildade, sem pretensão a estar dando lições a pessoas tão competentes e tão boas. A todos suplico compreensão e a todos desejo a paz, com meus sinceros votos e uma oração com abençoado feliz natal e um próspero feliz ano", disse ele, que cobrou dos parlamentares a reavaliação da decisão.
Coerência
Em seguida, o senador José Nery (PSOL-PA), na presidência da sessão, cumprimentou o bispo pela atitude que, como assinalou, é coerente com o que o religioso pensa e vive.
O senador disse entender o gesto do bispo, mas ressaltou que o fato de o Senado Federal tomar decisão de conceder um prêmio de Direitos humanos tem o significado de fazer avançar na caminhada rumo a um Brasil mais justo.
José Nery também solicitou aos policiais legislativos do Senado que tratassem com cuidado estudantes que, no mesmo momento, realizavam protesto em frente ao Congresso Nacional contra o reajuste salarial votado pelos parlamentares. O senador assinalou que eles têm o direito de manifestar sua opinião.
Agência Senado e Jornal o Povo
Para o bispo de Limoeiro do Norte, a Comenda outorgada não representa o cearense Dom Helder Câmara (J. FREITAS / Agência Senado)
O bispo emérito de Limoeiro do Norte, Dom Manuel Edmilson da Cruz, recusou a Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara, em protesto pela aprovação pelo Congresso Nacional, no último dia 15, de projeto de lei que reajusta os salários dos parlamentares, ministros, vice-presidente e presidente da República. Ele foi um dos cinco contemplados pela homenagem conferida pela primeira vez pelo Senado Federal.
Ao falar durante a sessão para entrega da Comenda, nesta terça-feira, 21, Dom Manuel da Cruz lamentou que o Congresso tenha aprovado reajuste para seus próprios salários, da ordem de 61%, com efeito cascata nos vencimentos de outras autoridades, enquanto os trabalhadores do transporte coletivo de Fortaleza mal conseguiram 6% de aumento em recente luta por elevação salarial. Ele mencionou as aposentadorias reduzidas, o salário mínimo que cresce em "ritmo de lesmas".
Na opinião do religioso, o aumento aprovado pelos parlamentares deveria sempre guardar a mesma proporção que a elevação concedida para o salário mínimo e a aposentadoria. "Quem assim procedeu não é parlamentar é 'para lamentar'", afirmou.
Para o bispo de Limoeiro do Norte, a Comenda outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Câmara. "Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la. Ela é um atentado. Uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, ao contribuinte para o bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho", declarou.
Dom Manuel da Cruz disse que se aceitasse a comenda estaria procedendo contra os direitos humanos e perderia todo o sentido esse momento histórico. "A atitude que acabo de assumir, assumo-a com humildade, sem pretensão a estar dando lições a pessoas tão competentes e tão boas. A todos suplico compreensão e a todos desejo a paz, com meus sinceros votos e uma oração com abençoado feliz natal e um próspero feliz ano", disse ele, que cobrou dos parlamentares a reavaliação da decisão.
Coerência
Em seguida, o senador José Nery (PSOL-PA), na presidência da sessão, cumprimentou o bispo pela atitude que, como assinalou, é coerente com o que o religioso pensa e vive.
O senador disse entender o gesto do bispo, mas ressaltou que o fato de o Senado Federal tomar decisão de conceder um prêmio de Direitos humanos tem o significado de fazer avançar na caminhada rumo a um Brasil mais justo.
José Nery também solicitou aos policiais legislativos do Senado que tratassem com cuidado estudantes que, no mesmo momento, realizavam protesto em frente ao Congresso Nacional contra o reajuste salarial votado pelos parlamentares. O senador assinalou que eles têm o direito de manifestar sua opinião.
Agência Senado e Jornal o Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário