Traçaram uma linha imaginária separatista na comunidade de Alcântaras. Todos estão separados, seja por uma sigla partidária, ou uma ideologia qualquer ou uma religião.
As famílias por aqui respiram separação e encontram - se quase todas divididas. De um lado está um grupo de pessoas fortemente ligadas por afinidades, interesses comuns ou rixa política. De outro lado temos um grupo de pessoas descontentes por não mais está no poder. Esse sentimento medíocre e pequeno que permeia a mentalidade do nosso povo e ofusca a visão dos nossos jovens em buscar um futuro mais promissor, torna a nossa comunidade menos integrada e mais vulnerável para enfrentar os problemas atuais. Esse sentimento separatista que há em cada um dos habitantes dessa cidade é semelhante ao ódio cultivado entre os povos de Israel e Palestina. Dois povos descendentes dos menos ancestrais, mas que cultivam entre si os piores sentimentos que possam existir no coração de um ser humano: o rancor, a raiva, a discórdia, a falta de amor ao próximo e a desunião. E tudo isso está sendo facilmente cultivado por aqui: nas nossas casas, nas ruas, nas praças, nas escolas e também nas nossas famílias. Não se fala em mais nada debaixo das castanholas, a não ser em política. A divisão política aqui é algo extraordinário. Famílias vivem divididas, comadres e compadres não conversam mais como antigamente. Afilhados deixaram de pedir a bênção aos seus padrinhos. O comércio também esta dividido. Até as missas, evento mais sagrado para o catolicismo sofre as conseqüências, pois dependendo de quem é a missa se tem um grande número de fieis ou não se tem ninguém.
Tudo isso começou em 1996, quando O ex-prefeito Joaquim Ximenes de Carvalho im memória ganhou as eleições municipais naquele ano. Alcântaras nunca tinha experimentado na sua história política a divisão do poder, já que desde a sua emancipação política fora governada por apenas um grupo político, a oligarquia Freire, comandada pelo senhor Quinca Gregório. De Lá prá, muita coisa já mudou. Pessoas que eram do lado de lá passaram para o lado de cá. E pessoas que eram do lado de cá passaram para o lado de lá. A falta de identidade ideológica dos políticos associada a disputa acirrada pelo poder e ausência de uma plano de desenvolvimento municipal juntamente com os interesses individuais, fazem com que esses grupos políticos se comportem como dois times de futebol:Vasco e Flamengo. E seus eleitores como torcedores que desprezam a racionalidade humana e passam a agir como fanáticos.
Criou-se neste município um cenário idêntico a Israel e a Palestina. Aqui, assim, também, como em Israel e Palestina temos os homens-bombas. Pessoas fanáticas por políticas que são capazes de dar a própria vida para defender os seus privilégios, seu candidato ou o seu partido político. A qualquer momento do dia por aqui pode explodir uma bomba neste município, seja através da cassação de um prefeito ou de uma eleição fora de época. O comércio que mais fatura por aqui são aqueles que vendem fogos, pois todos os dias sejam por qualquer motivo os fogos explodem. Muitos moradores já estão se acostumando com essa prática. Só é preciso imaginar de que lado vem os fogos para descobrir quem é que está ganhando. Mas apesar de todas essas comparações, Alcântaras ainda é bom lugar para se morar. Só nos resta pedir a Deus que todos esses acontecimentos recentes fiquem apenas na história para o nosso povo e não seja incorporado na cultura para as gerações futuras. E que Alcântaras seja uma terra de paz onde o amor ao próximo e a fraternidade entre as pessoas possam existir verdadeiramente. Afinal de contas, somos todos irmãos. Quando tudo isso de bom estiver acontecendo por aqui. Então, podemos dizer sim, que a nova Jerusalém pode ser aqui, a CIDADE DE DEUS.
Autor: Francisco dos Santos Gomes
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