FOTO: WILSON GOMES (Sismógrafo colocado entre as localidades de São Luís e Destrerro em Alcântaras; local do epicentro do tremor do dia 15 para 16 de Fevereiro de 2008, o mais destruidor até hoje.)
SOBRAL REGISTRA TREMORES DE TERRA (Da reportagem do Diário do Nordeste de hoje 04/08/2012)
A Prefeitura informa que a população já apresenta uma maior calma em relação a tremores no Município
Sobral. Novos abalos sísmicos foram identificados, na última quinta-feira, neste Município. Conforme o Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o epicentro foi na Serra do Rosário, no Distrito do Jordão. Os abalos foram registrados às 4h14, com 2,9 pontos na escala Ritcher, e às 4h41, com magnitude de 2,2. Alguns moradores de Sobral, Alcântaras e Meruoca puderam sentir e ouvir os tremores. Não houve danos.
Técnicos da UFRN e da Defesa Civil monitoram os sismógrafos em Sobral FOTO: WILSON GOMES
O Laboratório de Sismologia da UFRN aponta que já foram registrados 3.253 tremores de terra de diversas magnitudes, pelo sismógrafo instalado na Serra do Rosário. No próximo dia 15, técnicos da instituição retornarão a Sobral para manutenção do equipamento, segundo informa o professor Eduardo Alexandre Menezes.
Conforme o secretário municipal de Desenvolvimento, Cidadania e Segurança, Jorge Trindade, atualmente existem dois sismógrafos em Sobral, sendo a Serra do Rosário uma das estações. Há também um equipamento em Morrinhos e outro em Marco. Ele diz que a população já está mais tranquila em relação aos abalos, pois, desde 2008, quando ocorreu um tremor de magnitude 4,2, a Defesa Civil vem desenvolvendo um trabalho nesse sentido. "Antes, um abalo de 2,7 pontos já causava pânico na população. As pessoas ligavam pedindo socorro e iam a Centros de Saúde da Família. Nos abalos ocorridos quinta-feira, eles apenas ligaram para informar do ocorrido", comparou.
Conforme Trindade, as atividades sísmicas são acompanhadas pela UFRN. "Nos anos de 2008 e 2009, a região chegou a ter 12 sismógrafos", completou.
Os aparelhos ficam na casa de um dos moradores que passa por um treinamento para a troca diária de folhas. O material serve para fazer marcação de tempos para conhecimento exato do movimento sísmico. Diariamente, os moradores enviam as leituras a Sobral, onde são calculadas as magnitudes e, em seguida, enviadas para o Laboratório de Sismologia da UFRN.
O secretário acrescenta que, de acordo com a UFRN, não há uma época certa para o início dos tremores, diferentemente do que parte da população acredita. Os tremores, informa, nunca pararam, apenas não acontecem com frequência numa magnitude perceptível pelas população. "Isso não está relacionado com as estações do ano, como alguns acreditam, e sim com o acomodamento das placas tectônicas. A atividade sísmica é constante, mas, normalmente, fica abaixo de 2,0 na Escala Richter", explica o gestor.
Bairros afetados
Em Sobral, os bairros que sentiram o tremores foram Cohab 3 e Renato Parente, na zona oeste da cidade e mais próximos da Serra da Meruoca. Os moradores da Cohab 3 disseram ficar em dúvida se era realmente um abalo, pois muitos pensaram que era apenas "um raio".
A secretária Liduína Melo disse que já estava acordada no momento do segundo tremor, e apenas ouviu um barulho. "Não relacionei o barulho a um abalo. "Levanto às 4h30 para me exercitar. Não senti nada, apenas ouvi um barulho como se fosse um trovão", disse.
Já o comerciante Lucas Aguiar diz ter sido alertado por sua filha, que dormia no beliche de cima. "Ela desceu da cama na hora em que foi registrado o primeiro tremor e, quando me falou, não acreditei, mas, como ficamos acordados, sentimos o segundo abalo", fala.
Para as crianças que não se lembram da experiência anterior, a situação foi divertida. Maria Clara Lima, de 6 anos, comentou que já espera o próximo. Os pais, porém, estão apreensivos. "Se não sentimos muito forte é porque estamos familiarizados. E se um dia não sentirmos o início de um tremor maior?", indaga o operário Luis Carlos Lima, pai de Maria Clara, dizendo não ter gostado de se acostumar com a situação.
Prevenção
Na ocasião de tremores, a Defesa Civil instrui a população para que proteja prioritariamente a cabeça, pois o maior risco é a queda de telhas. "Não importa se você vai para debaixo da mesa ou põe um livro sobre a cabeça, o importante é não deixá-la descoberta. Mas, se a pessoa tiver tempo para sair de casa, é melhor", alerta Jorge Trindade.
Diferentemente dos abalos de 2008, onde quase 800 imóveis públicos e privados foram reformados ou reconstruídos, ele explica que os atuais abalos não são tão fortes a ponto de causar rachaduras, mas uma telha pode se deslocar naturalmente cair com o tremor. Casas antigas tendem a apresentar mais danos em tremores maiores.
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