Famílias da Zona Norte temem repetir em 2011 a tragédia verificada em 2009, quando ocorreram inundações
Pacujá. A quadra de chuvas ainda não oficialmente no Ceará, mas já tem muitas famílias preocupadas com as dificuldades provocadas com a chegada do inverno. A Funceme registrou ontem, até o fechamento desta edição, chuvas em 79 Municípios do Estado. No último fim de semana, moradores da Zona Norte enfrentaram água dentro das casas. "Os móveis da minha casa já estão todos trepapados, não quero ser pego de surpresa, como aconteceu em 2009, quando perdi praticamente tudo", conta a dona de casa Maria Antônia Conceição.
Ela e outros moradores da Rua Fransquinha Macedo, em Pacujá, estão apreensivos com a situação. "Todo ano é assim, o canal transborda, as casas ficam alagadas e as promessas por parte de quem administra nosso Município começam a acontecer. Moro aqui desde 2008 e não vejo nenhuma medida para tirar dessa situação", desabafa Maria Liduína de Souza. Segundo ela quando as casas começaram a ser construídas em regime de mutirão não houve orientação sobre como deveriam ser erguidas.
Córrego
Na área onde as moradias são invadidas com águas de um córrego que corta a cidade o Departamento de Edificação e Rodovia (DER) está construindo o prédio que abrigará a nova delegacia e a cadeia pública da cidade. "Se aqui fosse área de risco, não vinha o governo estadual construir um prédio para a nova delegacia", disse José Rodrigues outro morador da cidade.
As inundações neste trecho da cidade e em outros bairros, como Casas Populares e Pantanal, e parte da Avenida Coriolano Alves, ocorrem, segundo moradores, em consequências das cheias dos rios Jaibaras, Quirino e Graça, que cortam a cidade em direção ao Açude Federal Taquara, que foi construído entre Pacujá e Cariré.
Em maio de 2009, esses mesmos pontos ficaram com casas quase submersas, obrigando a Prefeitura a fazer a retirada de cerca de 200 famílias para locais mais seguros, como o Ginásio Poliesportivo. Na ocasião houve um estudo para elaboração do projeto para contenção das águas. Mas, segundo os moradores prejudicados, a obra não chegou ainda a ser executada. A reportagem tentou ouvir o secretário de Obras do Município, João Rodrigues Parente, mas nos locais indicados por assessores de seu gabinete não foi encontrado.
Em Graça, Município vizinho a Pacujá, ao sopé da Serra da Ibiapaba, o acumulado deste fim de semana superou os 150mm de chuvas. Ao contrário do que aconteceu em outubro, quando num só dia choveu quase 200mm, surpreendendo todos os moradores, inclusive da zona rural, não houve prejuízos na cidade.
As chuvas também chegaram ao Vale do Jaguaribe. O céu está cinza e o tempo menos abafado. Mais do que o começo de sentimento do "inverno", a chuva está dizendo que o fim de ano chegou. Independente de seca ou cheia, a segunda metade de dezembro é tempo nublado, e cheiro de mormaço. As calçadas já ficam molhadas.
Frente fria
Depois da primeira chuva, a de "lavar o telhado", a meninada já pode tomar banho. Em Jaguaretama, foram registradas chuvas de 36 mm no domingo, e 24mm em Morada Nova. Entre as bacias hidrográficas, a maior chuva foi registrada na sub-bacia do Açude Araras, com 82mm. Depois na Bacia do Acaraú, com máxima de 56mm. De acordo com a Funceme, as chuvas caracterizam uma frente fria, e não de pré-estação, como já ansiava parte da população nos Municípios que registraram chuvas.