domingo, 28 de dezembro de 2014

UM POUCO SOBRE O MILITANTE E ESCRITOR GILVAN ROCHA QUE MORREU AOS 72 ANOS EM FORTALEZA

Gilvan Rocha foi militante nas ligas camponesas e chegou a ser exilado na Argentina e em Portugal, onde participou da Revolução dos Cravos. Foto: Fábio Lima.
Em 56 anos de atuação como militante político, o empresário e escritor Gilvan Rocha se tornou um dos símbolos da resistência contra a ditadura militar, no Ceará, e um dos principais críticos da esquerda brasileira 

O escritor e militante socialista Gilvan Rocha, morreu, na noite da última sexta-feira, 26, aos 72 anos. Ele foi encontrado sem vida em sua residência, no bairro Aldeota, em Fortaleza. A causa da morte não foi divulgada. O pernambucano é um dos símbolos da resistência política contra a ditadura militar (1964-1985) e se tornou um dos principais críticos sobre ações e rumos da esquerda no Brasil.

Gilvan Rocha foi velado, neste sábado, na Funerária Ternura, e enterrado no cemitério Parque da Paz. O empresário, natural de Pernambuco, era casado com a poetisa Ester Barroso há 47 anos. Gilvan deixa uma filha do primeiro casamento, que mora em São Paulo.

Nos últimos 56 anos, o escritor viveu intensamente a política brasileira. Foi militante nas ligas camponesas e participou de guerrilha em Goiás. Após ser preso e fugir com a ajuda da maçonaria, Gilvan viveu clandestinamente, em Fortaleza, durante nove anos. Ele chegou a ser exilado na Argentina e em Portugal, onde participou da Revolução dos Cravos.

Ceará
De volta ao Ceará, em 1979, após a Lei da Anistia, Rocha participou da criação do Partido dos Trabalhadores no Estado, no qual atuou por 15 anos. Foi ele o nome de proa da campanha e da gestão da ex-prefeita Maria Luiza Fontenele, com quem rompeu politicamente.

Maria Luiza lamentou a morte do empresário. Ela destacou não ter tido a oportunidade de desenvolver com ele uma reflexão sobre as atividades políticas que seu grupo tem executado. “Lamentamos não ter feito o debate e ter perdurado as divergências ao invés das convergências”, diz.

A última casa política do escritor foi o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), o qual ajudou a fundar. O vereador João Alfredo (Psol), militante com Rocha tanto no PT como no Psol, definiu a morte do escritor como “uma perda irreparável”.

Gilvan foi articulista do O POVO até o fim da vida. O diretor Institucional do Grupo de Comunicação O POVO, Plínio Bortolotti, ressaltou a coerência política de Gilvan durante a trajetória, diante de críticas à falta de democracia e à atuação da esquerda no Brasil.

Saiba mais

Gilvan Rocha nasceu em Recife, filho de pais conservadores. Estudou no Colégio Leão XII, com acentuado perfil católico e padrões disciplinares rígidos. Mesmo assim, passou a atuar em causas políticas aos 16 anos. Antes dos 20 anos, foi para o Interior de Goiás, onde participou de guerrilha.

Como escritor, escreveu os livros Vermelho Cor de Esperança, Bye, Bye PT, Meio Século de Caminhada Socialista, Comunistas, filhos da pátria e 1964: A Grande Derrota e Outros Textos Pertinentes.

Em nota, a vereadora do Psol, Toinha Rocha, destacou a colaboração de Gilvan em sua formação política e lembrou o último encontro entre eles, no último dia 14. 

Do Jornal O POVO Online

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